A entrada de Júlia Zanatta no PL
Não foi exatamente um ato festivo, nem tão representativo em termos de lideranças, mas Júlia Zanatta agora é oficialmente do Partido Liberal (22). Sua ficha foi abonada pelo senador Jorginho Mello, em ato no início da tarde desta quinta-feira em uma das salas do Interclass Hotel. Isso deve dar fim a um ambiente um tanto carregado, desde o a segunda-feira quando o senador presidente estadual da sigla sentenciou que a candidata do partido é a afilhada da família Bolsonaro.
À percepção de repórter que acompanha este tipo de evento eu diria que foi um ato menor do que se espera para um ano eleitoral e a entrada de alguém que se propõe a ser a principal candidata de oposição.
Mello justificou a decisão dizendo que ele fez pesquisas e que indicavam a Júlia bem melhor e que Jeferson Monteiro sabia que este seria o critério. Só o que ele não sabia é que a pesquisa já estava sendo feita e não em março como ele prometeu aos candidatos. “Não vou avisar os candidatos sobre quando vou fazer pesquisa”, disse. Esta tese me parece ser a estratégia que usa para dar menos peso à decisão tomada por fidelidade ao presidente Jair Bolsonaro cujo filho Eduardo pediu por Júlia Zanatta. Assim corta o brilho que o ato de hoje dá à reciprocidade que Mello espera em 2022 quando será candidato a governador.
Agora Júlia Zanatta terá que dar a largada ao trabalho de aglutinação do partido, já que a saída da ala Jeferson Monteiro está sacramentada. Eis outro ingrediente que me parece flagrante: a candidatura da Júlia deve ser mais descolada e menos dependente da campanha dos vereadores. Ela aposta no cabo eleitoral “Bolsonaro”. Se em 2018 Bolsonaro arrastou uma multidão e em Criciúma elegeu desconhecidos, o “tsunami” pode se repetir em 2020. É o que me parece ser a aposta de Júlia Zanatta. Por isso ela deve ter uma candidatura descolada dos valores de partido e de nomes locais. Insisto que a minha leitura é de ela faz um jogo do tudo ou nada, pois em caso de eleição estará consagrada, se perder para prefeito e o seu partido fizer votação pífia para vereador o problema não é dela.