Pela fresta da Operação Blackout
A Operação Blackout, desta semana, na prefeitura de Criciúma e em quatro empresas do setor elétrico na região – uma em Criciúma, uma em Siderópolis e duas em Içara – mexeu com o prefeito Clésio Salvaro, por mais que ele se diga tranquilo em relação ao fato. Primeiro que ele já sabia da investigação, só não sabia que a busca na prefeitura fosse ocorrer nesta semana, coincidentemente no mesmo dia em que um veículo de imprensa estava divulgando uma pesquisa em que ele aparece bem.
Até então o prefeito dizia que não falaria sobre as eleições antes das convenções. Óbvio, para ele é cômodo não falar, afinal, o silêncio sobre o assunto lhe é vantajoso em relação aos adversários. Depois da operação decidiu que vai gravar um vídeo nas sextas-feiras, sempre respondendo o assunto da semana.
Já em relação ao impacto das denúncias como a que rendeu a Operação Blackout irá trabalhar cada vez de forma mais intensa para dizer que elas são “eleitoreiras”.
É bem provável que o prefeito represente contra a promotora Caroline Cristine Eller acusando-a de trabalhar as pautas preferenciais dos seus adversários políticos. Isso, entretanto, não basta para produzir um efeito que de fato possa preocupar a promotora.
O que chama atenção neste caso é que as investigações não são de agora. Pelo que apurei com testemunhas do caso, este fato tem pelo menos oito anos. No dia 6 de agosto de 2015 uma das testemunhas depôs na Polícia Civil, após cobrar porque um inquérito que investigava casos de empresas agora envolvidas estava parado. A primeira alegação foi de que o delegado da época acabara de se aposentar. O segundo delegado concluiu que não tinha aparato suficiente para dar andamento às investigações e o enviou ao GAECO. No ano passado havia rumores de que finalmente o processo estava na fase final, mas o que tivemos nesta semana foi a apreensão de mais material, o que leva a crer que se trata de busca de novas provas, ou seja, a investigação não acabou.
Assim estes casos produzem apenas um efeito, o da repercussão midiática, enquanto à população resta a dúvida e em alguns casos a sensação da impunidade. Inquérito mal feito ou mal conduzido, é tão mais prejudicial à sociedade que clama por órgãos cada vez mais competentes, transparentes, vigiados e corretos, do que os que não acontecem.