AS ORAÇÕES DE ESMERALDINO
O presidente estadual do PSL, Lucas Esmeraldino, admitiu que orou para que Esperidião Amin não se elege-se, por considera-lo agente da “velha política”. A frase foi dita em resposta a uma entrevista que Esperidião Amin concedeu na semana passada, tudo na rádio Eldorado. Amin disse, quinta-feira da semana passada, que setores do MDB nem choraram a derrota de Mauro Mariani porque já estão alinhados com o PSL do comandante Moisés. Esmeraldino retrucou dizendo que isso não passa de “uma grande bobagem” e aproveitou para disparar contra o progressista eleito ao Senado. Completou a entrevista dizendo: “é uma pena que o Amin se elegeu”.
SOLAVANCOS
Não há nenhum fato estranho na declaração do presidente estadual do PSL ou de qualquer outro companheiro de partido, como a troca de farpas registrada nas últimas horas. Entende-se normal este cenário, pois há de se considerar que os líderes do PSL sequer estavam assim tão preparados para um embate verbal com adversários construídos na eleição. O partid saiu de azarão a favorito.
NA REAL
Não se trata de torcida ou qualquer intenção de menosprezar a capacidade de gestão de um possível governo do PSL, como indica uma aparente tendência, mas é óbvio que ao analisar o cenário gera curiosidade sobre a capacidade e preparação dos governantes em assumir o Estado. Diferente de Jair Bolsonaro com 30 anos e vida pública, os bolsonaristas de Santa Catarina assumirão um gigante desconhecido.
TECNOLOGIA
As empresas de tecnologia instaladas no Estado, que ainda alcançam 70 por cento das prefeituras do Brasil, se veem ameaçadas por uma proposta de substituição dos atuais modelos por uma espécie de software livre. A rigor a ideia está sendo lançada sob a ilusão de que este serviço pode ser mais barato. Técnicos contestam e alerta ao risco. Pelo que se apurou, uma empresa do exterior comprou uma empresa do Estado, fez um software para o Estado da Paraíba e este pode ser usado em Santa Catarina.
PELA ECONOMIA
A proposta defendida pelo Tribunal de Contas e a Federação Catarinense de Municípios de substituir os atuais programas de gestão pública oferecidos por diferentes empresas, quase todas catarinenses, está gerando tensão. Sob o argumento de baratear o serviço pode ser adotado um software que não “casa” ou tenha sérios problemas dentro de pouco tempo. Está parecendo barato demais para um serviço tão delicado como o controle das contas públicas.
TRIPOLARIZAÇÃO
O fator “anti-PT” levará milhares de eleitores a votar em Bolsonaro para evitar, um novo governo do PT, porque o partido é visto “com sangue nos olhos”. Bolsonaro não é o candidato de muitos que irão votar nele neste segundo turno. Isso evidencia um cenário tripolariado entre PT, Bolsonaro e o anti-PT. Essa tese justifica a liderança de Bolsonaro que deve ser presidente eleito numa onda, sem ser o candidato da maioria.
OPÇÃO
No Estado esta realidade é ainda mais agressiva. O eleitor pode votar num candidato desconhecido, que não conhece dez por cento das cidades catarinenses e que usou estrutura praticamente zerada para sua campanha. Sequer ele necessitou ou necessitará de discurso ou programa de governo. Tudo isso tem uma causa: a reprovação à política tradicional. Prova de que para o voto não existe meio termo.
REVIRANDO TÚMULOS
Pelo visto a Câmara de Vereadores de Criciúma voltou à vida normal, passada a campanha eleitoral de primeiro turno. Os discursos dos vereadores ontem pareciam fala de primeiro mês de mandato. O Legislativo voltou disposto a sacudir alguns temas polêmicos. Diga-se de passagem, nenhum fato novo, tudo tema antigo retomado com a impressão de que “agora vai”. Um deles é a disposição de exigir do município o rompimento do contrato com a Agesan, agência que regula o serviço de água e esgoto no município. Não é de hoje que os vereadores sabem que o serviço é caro e ineficiente. Outro tema antigo ressuscitado ontem é o caso da Somatem, administradora dos quatro principais cemitérios do município. A rediscussão da lei das funerárias também está no pacote dos discursos feitos ontem na tribuna d Câmara. Quer dizer, a cidade tem pauta de sobra, afora a eleição de segundo turno.
CEMITÉRIO O contrato da Somatem, administradora de cemitérios, com a prefeitura de Criciúma é de 1999 com duração de 25 anos. Não terá sido a primeira vez que o Legislativo mexe e remexe no texto da concessão. Nas vezes anteriores nunca se encontrou nada que pudesse levar à substituição da empresa.
MILITARES Deputados estaduais eleitos pelo PSL estiveram na Assembleia Legislativa para saber do que tem direito e já anunciam que pretendem aproveitar o máximo possível de militares da reserva em cargos de confiança. A onda militar não parece restrita ao comandante nacional.
PESQUISA Uma primeira pesquisa para o governo do Estado só será divulgada sexta-feira pelos veículos da NSC. Pesquisa Ibope.
REFLEXO A atitude de Gelson Merísio que já anunciou quatro nomes de um virtual governo pode pegar bem entre os eleitores, embora isso ainda não tenha ficado comprovado. Mas uma coisa é certa, os anúncios de nomes que não são do ambiente político estão levando muita gente a fazer críticas veladas.
SE ESPERAVA Aliados do delegado de polícia Ulisses Gabriel, que disputou a eleição para deputado estadual, foram surpreendidos com o anúncio de Merísio para os dois principais cargos na Secretaria de Segurança Pública e nenhum deles é delegado de polícia civil. Ulisses é presidente estadual da categoria.
CONVERSA Pode não haver nenhum tipo de acordo ou conversa sobre transição de governo ou qualquer compromisso futuro, mas não faltam testemunhas para relatar encontro ente o governador Eduardo Moreira e o comandante Moisés. Encontro na casa oficial do governador.
FRASE DO DIA
“Eu pessoalmente vejo com extrema preocupação este momento que o Brasil está vivendo. A eleição no primeiro turno mostrou que 46 por cento do eleitorado brasileiro é a favor da prática da tortura policial, que é uma das bandeiras do candidato que ganhou o primeiro turno. Então me parece que um ato que visa justamente apurar e coibir essa prática nefasta que é a tortura estará sim em risco se confirmar a vitória deste candidato”.
Carlos Teixeira, Defensor Público Estadual, em entrevista ao repórter João Zanini da rádio Eldorado, analisando as chamadas audiências de custódia, ferramenta em fase de implementação no Estado.