OS PRIMEIROS DE MOISÉS
Num ambiente com ar de dúvidas o futuro governo de Santa Catarina deu as primeiras “pistas” de como será a gestão a partir de 1º de janeiro. Muitas perguntas ficaram sem respostas. O governador Comandante Moisés, por exemplo, não respondeu nenhuma. Restringiu-se a fazer um pronunciamento anunciando quatro de dez secretarias e passou a palavra à equipe de transição, que permitiu 20 minutos de perguntas, nem todas com resposta pronta – “casos que seguem sendo estudados”. O único momento em que a imprensa ficou mais à vontade foi com os quatro secretários nomeados e presentes. Neles a impressão de certa apreensão. Após pouco mais de um mês de mistério, o primeiro contato do novo governo com a imprensa, ontem, foi muito diferente do que nós jornalistas estamos acostumados. Vale aquela: “é bom já ir se acostumando”.
A TESE
O modelo de gestão anunciado ontem pela equipe de transição se propõe a ser teoricamente perto do ideal. O tempo dirá se é praticável.
MEIO A MEIO
Nos quatro nomes de Secretários anunciados, a observação de que cem por cento é de técnicos, sendo dois deles herdados do atual governo do MDB e dois da relação militar do comandante. Com agentes oriundos da área militar estão o Secretário da Administração, José Eduardo Tasca e o Secretário da Saúde, Helton de Souza Zeferino.
FICAM
Também técnico como os outros o secretário da Fazenda Paulo Eli permanece. Ele foi o nome aposta de Eduardo Moreira, quando o governador assumiu, em fevereiro. Na área de penitenciárias o atual secretário Leandro Lima, técnico, braço direito e cabo eleitoral de Ada De Lucca também fica.
EMEDEBEZADA
A repercussão no meio político foi imediata e pelas mesmas redes sociais que melhor tem animado o novo governo vieram algumas provocações de adversários que colam os nomes de Eli e Lima no MDB. Eli não vestiu “15”, mas Lima é figura carimbada nos atos de campanha de Ada De Lucca.
NATURAL
Embora a reação e exploração política dos adversários do Comandante Moisés e do MDB, há de se considerar que tanto Paulo Eli quanto Leandro Lima, são elogiados pela capacidade técnica. Não se sabe a resposta, mas provavelmente a indicação passou pela análise de que seus nomes poderiam dar munição à oposição, que hoje não é ainda muito bem identificada, mas há.
MUITO CEDO
Não há ainda como se analisar como será o governo, pois a prática deste que ai está é bem diferente do que se tinha até então. Aliás, é isso que o atual governador disse ter entendido como recado das urnas: que a sociedade pede um governo diferente do que havia.
NÚMEROS
Na entrevista coletiva faltaram muitas informações, principalmente números. Basicamente ficou reconhecido que a dívida a ser herdada do atual governo vai girar em torno de R$ 2,3 bilhões. Só no ano de 2019 deve ser economizado algo em torno de R$ 1 bilhão. Estes números estão sujeitos a ligeiras oscilações.
VOA BAIXO
É notada a agenda do deputado federal eleito Daniel Freitas (PSL), de Criciúma. Ele já articulou politicamente bem mais do que todos os outros líderes do seu partido no Estado. Trouxe dois futuros Ministros, fez em sua casa a única recepção a todos os parlamentares do partido e criou agenda até do governador com o ministro Paulo Guedes e o presidente Jair Bolsonaro. Lembramos que Freitas saiu direto da Câmara de Vereadores de Criciúma para a Câmara dos Deputados em Brasília.
DIFERENÇAS DE UM E OUTRO
Inevitável que se busque comparativos na prática de composição dos governos federal e estadual de Santa Catarina. Na questão política um nada tem a ver com o outro, embora o extrato seja o mesmo. Jair Bolsonaro dita o tom, sugere a pauta e faz o jornalismo correr atrás. Está sempre pronto para responder, mas isso acontece sempre que ele quer. Nem Paulo Guedes, da área que Bolsonaro admite não entender, tem autonomia de discurso. Já em Santa Catarina o principal líder ofereceu seus técnicos para explicar o projeto de governo. Moisés evita a imprensa de todas as formas. A explicação é simples: a origem de ambos. Bolsonaro é político, Moisés técnico.
SAIU LOGO O fato intrigante da entrevista de ontem é que o governador, que é quem deveria falar sobre a articulação política, alegou uma visita qualquer, para se retirar do local da coletiva.
AUSENTES Afora a deserção do ambiente da entrevista notada ainda a ausência de líderes políticos do PSL. Parece ser imaginado pelo futuro governo ser possível governador só com técnicos.
IMPRESSÃO. Ficou a impressão de que momentos antes da entrevista coletiva alguma coisa estranha ocorreu nos bastidores do encontro ou de sexta-feira até ontem.
CORPORAÇÃO. Ao mesmo tempo em que mantém o discurso do extremamente técnico, o governador Moisés é extremamente politico quando indica quatro chefes para a sua área de origem: Segurança Pública. A pasta não terá um secretário, mas sim quatro. Divide a área em quatro, nomeia um chefe para cada e a cada ano um será o secretário.
SE ENTENDI A fala que o governador Eduardo Moreira fez sábado em Criciúma parece ter sido um recado de que o futuro governador está pensando num mundo muito diferente do que é o rito do processo. Isso pode funcionar para algumas coisas, mas a teoria sem levar em conta a prática é ameaça. Faz sentido.
TEMPO A Agência de Desenvolvimento Regional de Criciúma está entre as últimas a serem extintas e pode levar de quatro a seis meses.
NADA AGORA Ao contrário do que era a expectativa a atual legislatura não irá votar nenhuma reforma administrativa. Tudo ficará para a nova legislatura a partir de 1º de fevereiro do ano que vem.
DISSE Ao comentar a expectativa em relação ao seu sucessor Moreira disse que o novo governador está cheio de boas intenções, mas que “a roda já foi inventa”.
JOGOS O prefeito de Criciúma saiu às pressas da inauguração do HMISC, sábado, e foi para Timbó participar da reunião técnica para definir a sede dos Jogos Abertos da 3ª Idade. Conseguiu aprovação por 9 votos a 6. É a edição de 2020.
O RETORNO Clésio Salvaro considera que os jogos da 3ª idade geram retorno melhor à cidade tendo em vista o falado “ticket médio” gasto na cidade pelos atletas, se comparado a outras competições.
POSSE Nícola Martins assume a Fundação Municipal de Esportes no dia 10 de dezembro.
INTERNADOS Dois personagens conhecidos do torcedor do Criciúma estão internados no Hospital São José. O ex-jogador Grizzo sofreu infarto. O ex-presidente Moacir Fernandes teve problemas respiratórios. Antônio Sérgio Fernandes, que era do departamento de futebol naquele memorável título de 1991, os visitou ontem e disse que ambos passam bem.