GOVERNO TEM POSTO DESGUARNECIDO
Por melhor que sejam as intenções do futuro governo, ele terá que jogar um jogo que é o da realidade política. O campo em que acontecem as discussões agora são os da Assembleia Legislativa. Mesmo antes de assumir, a futura base de governo – principalmente a liderança – deveria estar atenta. Ontem não esteve. Foram votados vários projetos que terão impacto imediato no novo governo. E não se trata de qualquer pegadinha armada para o futuro governo. Pelo contrário. As matérias já estavam lá muito antes das eleições. A diferença é que se fosse qualquer outro governo, sua base teria articulado naquelas matérias que não combinam com a sua proposta de gestão. É como se as sentinelas de um determinado posto de guarda do quartel tivessem cochilado.
TSUNAMI
A Assembleia Legislativa votou ontem uma série vetos. Todos eles foram derrubados. Se havia veto é porque o governo entendia que estas matérias provocariam um impacto na gestão. Quem vetou foi o governador Eduardo Moreira (MDB) e alguns casos de Raimundo Colombo (PSD), mas ontem os líderes das bancadas de ambos “liberaram” para votação. Quem deveria ter articulado era o futuro governo.
SEM CONVERSA
No argumento aceitável do futuro governo é que os deputados tiveram esta atitude porque fariam destas votações moeda de troca, o que o futuro governador garante não haverá. Mas é imperdoável que nem isso o governo foi saber se é ou não. Agora os vetos derrubados tornam lei os projetos que obrigarão o futuro governador a rever muitas das suas intenções.
NA SAÚDE
Uma destas matérias que mais trará impacto que desarruma planejamento do futuro governo, mas que aparentemente é extremamente salutar ao cidadão, está na saúde. Trata-se da lei que obrigado o Estado a corrigir para cima todos os meses, e não ano a ano, a verba repassada à saúde. Detalhe: se num mês houver sobra ou repasse a maior, este saldo não conta no mês seguinte para abater do repasse a ser feito.
NA SEGURANÇA
Veto derrubado na Assembleia Legislativa, ontem, garante abertura de mais duas mil vagas para a área de segurança pública. O projeto é de autoria do deputado estadual, ex-senador e ex-governador Leonel Pavan. A lei estabelece que todos os dois mil policiais em estágio probatório devem ser imediatamente promovidos. Isso feito abre a possibilidade do mesmo número de vagas para novo concurso.
ALERTA
Num exemplo típico inverso do descuido que os futuros parlamentares estaduais e o governo do Estado tiveram ontem na Assembleia Legislativa, em Brasília o deputado federal Daniel Freitas visitou o futuro Ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Levou as pautas do setor carbonífero e da SATC.
DE PRONTIDÃO
Enquanto em Santa Catarina o futuro governador Carlos Moisés segue negando qualquer audiência com agentes políticos, inclusive os do seu partido, em Brasília o futuro presidente Jair Bolsonaro mantém alucinado ritmo de reuniões com as bancadas federais.
PELA SEGURANÇA
Com a derrubada de veto ontem à lei que obrigado o governo abrir mais duas mil vagas em concurso público para a segurança pública o deputado estadual Leonel Pavan se torna no político que mais fez pelo reforço de efetivo da segurança. Quando era governador abriu três mil vagas, agora como deputado acrescenta duas mil.
PERDE JOÃO, GANHA RICARDO
Embora ainda não tenha sido concluído o julgamento do recurso do deputado federal João Rodrigues, considerado inelegível, o Sul do Estado pode considerar desde ontem grande a probabilidade de ter um deputado federal a mais e o Oeste considera a perda de um. Tudo acontece dentro do PSD. O partido aparentemente nada perde. Exceto se uma revisão solicitada pelo PT refaça os cálculos sempre exatos do quociente eleitoral. O recurso apresentado por Rodrigues no Supremo Tribunal Federal, para retirar a condenação que o torna inelegível, teve seis votos contra: 6 a 3. Faltam dois. Houve pedido de vistas. Dos nove que votaram, após as vistas podem mudar, mas isso é raro. Neste caso Ricardo Guidi será deputado federal.
SEM AVIÇÃO O futuro governador Comandante Moisés decidiu que fará seus deslocamentos por terra ou em avião de carreira, quando necessitar. O Estado vai vender os dois aviões que possui. A medida vai gerar uma economia de R$ 4 milhões ao ano.
POIS ENTÃO... A coluna especulou em setembro que o Secretário de Estado da Segurança poderia ser Ronaldo Benedet. Muito mais do que uma informação, aquela foi uma especulação rebatida com veemência. Virou até oportunidade para chilique desvairado de colega.
POIS AGORA... Esta importante pasta não terá sequer secretário titular. Será que o governo sempre pensou assim, ou aquela especulação era mesmo uma informação, mas as circunstâncias tornaram-na inexequível. Sigo acreditando na minha fonte.
DESAPEGANDO O governador Eduardo Moreira não compareceu ontem à inauguração da Policlínica de Araranguá. A informação é que ele está “desapegando” do poder. Que vem diminuindo o ritmo de agenda do cargo para chegar no dia 31 desacelerado.
CELESC O engenheiro da Engie, Clésio Poleto Martins, que foi convidado pelo governador Comandante Moisés para assumir a presidência da Celesc, é homem de muito contato com o setor carbonífero.
COLOMBO Foi arquivada, ontem, pelo Conselho Superior do Ministério Público de Santa Catarina, o processo de improbidade administrativa contra o ex-governador Raimundo Colombo relativo ao caso da Odebrecht.
CHIMARRÃO Um paramento cultural não vai sair da Casa da Agronômica. Trata-se da cuia de chimarrão, hábito comum na casa nos últimos sete anos com Raimundo Colombo, deixado de lado em 2018 por Eduardo Moreira, mas que volta com o Comandante Moisés.
FRASE DO DIA
“Tá decidido! Em 2019, meus deslocamentos oficiais, dentro ou fora do Estado, serão preferencialmente em linhas comerciais. Os motivos são simples:...”
Governador eleito Comandante Moisés, alegando economia e anunciando que o dinheiro será destinado a áreas mais necessitadas.