Mais sobre a Operação Alcatraz
O tempo cura???
Dizia a vovó, que o tempo é o melhor dos remédios. Será? Teste rapidinho: você lembra qual foi o último escândalo envolvendo nomes de políticos em Santa Catarina?”. Provavelmente não. Será mesmo que vovó tinha razão. Pois este deve ser um ponto a ser considerado na análise de casos como o da Operação Alcatraz. O tempo apaga lembranças. Se não apaga por completo, rasura. O segundo ponto também está ligado ao tempo: a eleição para governador do Estado só acontecerá daqui a três anos e quatro meses. Será este tempo suficiente para surgirem outros episódios. Eis a primeira interpretação para os respingos da Operação Alcatraz.
Óbvio, só tempo não é suficiente para curar a ferida provocada pela busca na casa do presidente da Assembleia Legislativa, por exemplo. Vai ser necessário que as acusações não passem daquilo que se sabe até então, que a tal busca é porque Júlio Garcia era amigo de Nelson Nappi, o pivô das acusações. Que as filhas de Garcia receberam alguns favores do centro das denúncias e que este não tenha nada mais para dizer numa virtual delação premiada.
Estas são minhas suspeitas de que a Operação Alcatraz não deve alijar o deputado Júlio Garcia da disputa para o governo do Estado em 2022. Suspeitas e buscas não são causa de inelegibilidade, seja ela legal ou moral. Esta tese de absolvição não é fruto de bairrismo ou qualquer outra razão passional, mas fruto da experiência acumulada nesta lide jornalística. Ah, e no ensinamento da vovó.
Acusações
Um dos trechos que “acusam” Júlio Garcia, justificando buscas em seu apartamento, diz que através do acusado central dos supostos crimes (Nelson Nappi) Garcia, enquanto conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, gestou a indicação para cargos de nomeação de Gisele Marinho e José Cláudio Gonçalves, ambos de fato nomeados. Está num documento da Justiça Federal.
E outras
Outras “acusações” contra Garcia se baseiam na amizade que ele mantinha com o acusado Nelson Nappi. E o tom da manifestação agrava dizendo que a irmã de Garcia era secretária de Nelson e que as filhas do deputado viajavam com Nelson e sua família. Por fim, o parágrafo de acusação se refere a uma lancha usada por ambos, Júlio e Nelson.
A insistência
Minha insistência no que me parecem ser evidências de que o fato não afetará a carreira política de Júlio Garcia, tal qual se alardeia como reflexo do primeiro impacto, não se trata de torcida, nem outra razão qualquer senão a simples percepção do âmbito da experiência. Me parecem frágeis as acusações.
Nada caduca
Outra lição que tiramos da Operação Alcatraz é que não mais tempo de prescrição nas acusações de corrupção. Até o já falecido governador Luiz Henrique da Silveira está citado. Os demais estão preocupados.