O pé do governador é vermelho
“Se alguém tem que ser expulso, não sou eu”. A frase do deputado Jessé Lopes, reagindo à informação de que o governador Carlos Moisés pediu a sua expulsão, tem lógica. Sempre sob a desconfiança de que é um emedebista plantado, ou que brotou na horta do PSL, Moisés pode estar testando a sua capacidade de liderar sem os mais ferrenhos bolsonaristas. É verdade que o deputado Jessé ultrapassou o limite do institucional, mas há de se anotar que esta é uma característica bolsonarista. Moisés vem expondo o “pé vermelho”.
Parece ter tirado o coturno ao escolher a Folha de São Paulo para dar uma entrevista em que enfrenta pautas ideológicas como a questão do armamento e dos agrotóxicos.
Parece ter tirado o coturno quando enfrenta o setor agropecuário que foi justo o que primeiro apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro.
E pode haver mais indícios da sua linha ideológica se olharmos para a forma como montou o seu governo, recorrendo a técnicos com origem no ambiente acadêmico ou ao funcionalismo público, que é melhor identificado com políticas de esquerda do que da direita.
Não é de hoje a suspeita do flerte de Moisés com o MDB. O pé apareceu, e é vermelho.
Não é para menos que a polêmica cartilha dos incentivos fiscais é herança do governo antecessor e de uma pasta que manteve o comando emedebista de Paulo Eli. Aliás, Moisés chama Eli de: o “Mago Eli”. Há quem diga que é porque ele oferece a esperança da magia do fortalecimento da arrecadação, que dê fôlego para corrigir distorções salariais dos servidores públicos.
Alternativa ao PSL
Para que o PSL atinja os objetivos sonhados por Bolsonaro, nas eleições municipais, me parece mais lógico que escolha “Eu” em detrimento de “Eles”. Quer dizer, o PSL tem mais chances de repetir a onda 17 nas eleições municipais se expulsar Moisés do que se optar pela outra alternativa oferecida pelo governador. O PSL do governador Moisés já perdeu o discurso, atravessou o carro na estrada e tende a não corrigir mais a rota até outubro do ano que vem, enquanto o discurso bolsonarista segue com muito mais simpatizantes.
Os planos
Para Criciúma já existe um plano sem Jessé. E isso não é novidade para quem acredita nas muitas possibilidades que podem ser levadas ao governador, se ele solicitar. E não é com o deputado Rodrigo Minotto cujo vínculo ideológico está muito à esquerda, embora sua boa relação com o comandante bombeiro. Este plano mira Luiz Fernando Cardoso, que se encaixa melhor no projeto destes que buscam alternativa, se ela for necessária ao time de Moisés.
Agora conjecturas
Não se trata de utopia imaginar que até as eleições os bolsonaristas como Jessé estejam mais alinhados com Clésio Salvaro (PSDB) do que com um possível candidato adversário indicado pelo o PSL de Moisés, se este persistir na sigla e Jessé sair. Aliás, o que é ainda mais provável é que os bolsonaristas, se descolados de Moisés, tenham o seu candidato “próprio” em Criciúma. A briga com o governador pode garantir a Jessé uma força com impacto de “onda”.
Por fim o bom humor
Diz-se nos bastidores da política que:
1) Moisés vai perguntar a Clésio Salvaro como se lida com um rebelde:
2) Jessé vai perguntar para Júlio Kaminski como se lida com situações deste tipo.