O ruído das vaias e as ameaças do silêncio
Se olharmos pelo lado negativo o governador Carlos Moisés tem tudo para nunca ter desejado que viesse o ano de 2020. Observe: isso se olharmos pelo lado ameaçador. O ano começa com indícios de duas CPIs, que podem chegar ao impeachment e ameaças de greves e/ou crise com várias categorias. A prévia foi nesta terça-feira, quando ele esteve sob fortes vaias na Assembleia Legislativa. Menos ruidosas, mas mais perigosas, são as armadilhas que o aguardam no ambiente político.
Impeachment
Nos próximos dias a Assembleia Legislativa decide se dá ou não prosseguimento ao pedido de impeachment do Governador, da Vice-Governadora e do Secretário de Administração. Primeiro a questão técnica - a assessoria jurídica orienta - depois a decisão política - a Mesa Diretora decide se cria ou não Comissão Especial, que ainda fará o terceiro passo: aceitar ou não o processo. Se aceitar, instala a Comissão com nove deputados (um de cada bancada) e os três investigados são afastados. A partir daí, como atinge governador e vice, é o presidente da Assembleia Legislativa quem assume até o julgamento final em até 180 dias.
Detalhes
Há duas razões fortes para que eu não acredito que a denúncia prospere. A primeira é que o caso tem fundamento jurídico, mas praticamente nenhum apelo político. A denúncia é pela concessão de reajuste a uma categoria que tem argumentos jurídicos para pleitear isso. A outra é que se a cassação vier antes do fim do ano, teríamos uma nova eleição para governador e vice. Nela todos os catarinenses votam e todos podem candidatar-se. Se a cassação for a partir do ano que vem, só quem vota são os 40 deputados e qualquer eleitor pode candidatar-se.
Engatilhada
O deputado Kennedy Nunes (PSD) prepara um novo processo de impeachment. Este com grande apelo político. Desgaste certo ao governador, mas neste caso só contra ele. Trata-se da denúncia de “farras etílicas e gastronômicas” no Palácio da Agronômica. Esta conhecida como a CPI da Balada da Agronômica. Fio da meada para isso é que o governador pediu em dezembro gasto extra de R$ 150 mil para bancar as festas. A suspeita é que o governador use as dependências do palácio oficial para fabricar cerveja artesanal.