Começando a soltar o freio
Se a dúvida é por quanto tempo permaneceremos assim, em quarentena, saiba que os decretos governamentais, que venceriam hoje, foram prorrogados.
Os serviços como transporte coletivo, bares, restaurantes e aqueles que não são considerados essenciais permanecerão suspensos por mais uma semana.
Pelo menos. Será???
Isso vale para os decretos municipais de Criciúma e região e o decreto do Governo Estado. Admito que a capacidade de resiliência vai diminuindo gradativamente. Admito que a vontade de sair de casa, retomar a vida, possa estar aumentando em cada um de nós. O apelo para ficarmos em casa pode até já nem mais fazer o mesmo efeito. Mas o apelo se mantém.
Quando começa o dia, antes de entrar no ar na rádio Eldorado, recebo sempre uma mensagem do médico Dr Ronaldo Benedet Barroso. Eu chamo ele de capitão dos guerreiros. É médico coordenador técnico da rede pública de saúde em Criciúma. Como ele há vários outros capitães. Na rede pública e privada.
Ele capitania equipe de verdadeiros guerreiros: o nosso pessoal da saúde. Como em Criciúma tem em todas as cidades. Como na rede pública, tem o pessoal da rede privada.
Pois então: quando começo o dia recebo do Ronald um relatório da noite anterior. Confesso que recebo e sempre imagino que vou ouvir um relato do aumento dos casos. Do agravamento dos casos. Felizmente não é o que ocorre.
Repetem-se dia após dia relatos de noites tranquilas. Sem aumento de casos. Nada igual a sexta-feira passada quando saímos do zero e fomos a nove casos em Criciúma. Quando digo que espero ansioso pelo relatório é porque temo que sejam notícias ruins. Não são. Que bom. Mas não são porque o cenário está sendo anunciado pior do que é ou porque nós estamos fazendo a coisa certa????
Prefiro ficar com a segunda opção.
Mas insisto que a nossa capacidade de permanecer assim, de alguma forma improdutivos nos atormenta tanto quando a doença. Lembro logo que o falido se recupera, o falecido não. Que estamos protegendo a vida.
Mas convenhamos, é possível sim proteger a vida e proteger o produtivo.
Criatividade com responsabilidade.
Lidamos com o desconhecido e por isso cada dia pode e deve ter um avanço.
Avançar um pouco. Criar a forma de manter os cuidados e ir produzindo.
O que precisa ficar evidente é que prioridade não é o que nós decidimos. Prioridade não é o que eu penso ser, mas sim aquilo que prioriza o coletivo.
Vamos aprendendo que puxamos o freio ao extremo. Que dá para ir soltando.
Mas que não somos que vamos fazer isso pela nossa vontade.
O livre arbítrio acaba ante a realidade do coletivo.
Por isso, compreendendo a necessidade e confessando a possibilidade de que muitas coisas podem ser flexibilizadas: o alerta de hoje é de que aguardemos que pela consciência coletiva – ou seja pelas orientações – para flexibilizar alguma norma.
A realidade vai nós ajustando, as coisas vão começar a ser liberadas, mas tudo ao seu tempo. Por enquanto o risco ainda existe. Não sejamos irresponsáveis.
Que eu tenha a consciência de que: toda vez que pensar que as regras se danem, estarei agindo como aquele que eu classifico de calhorda que assalta a pátria. Sim, porque estarei pensando apenas em mim....