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Anos 40

Nasce o rádio de Criciúma na Eldorado

Pesquisadores indicam que já no início dos anos 40 havia movimentos para dotar Criciúma de uma emissora de rádio. Concessão federal, um canal dependia mais de trâmites políticos que técnicos na então Capital da República, o Rio de Janeiro. Mas à época o desenrolar da Segunda Guerra Mundial e as artimanhas de sobrevivência no Palácio do Catete absorviam mais a atenção do presidente Getúlio Vargas do que a concessão de canais de rádio.

Seja como for, a persistência dos que sonhavam com uma rádio criciumense não foi abandonada. A falta de documentos torna incerta a data inicial das operações da Voz de Cresciúma, que se tornou embrião da futura emissora que inaugurou o rádio entre os criciumenses. O saudoso militar da reserva Ângelo Caciatori recordava que, ao dar baixa do contingente brasileiro na Segunda Guerra Mundial e chegar em Criciúma, no final de 1945, já havia um sistema de transmissão de informações na praça Nereu Ramos. Ele contava aos amigos e descendentes, também, que no dia do padroeiro São José, 19 de março de 1946, as cornetas da praça se transformavam na rádio que já era possível de ser captada em aparelhos receptores. Era o nascimento da Rádio Eldorado, cujos transmissores estavam instalados no antigo Morro do Bainha, atual bairro Vera Cruz, altos da rua João Pessoa.

A despeito deste depoimento oral, de um cidadão que não está mais em vida, há ao menos um documento que confirma a entrada em operação da Eldorado em 1946. Trata-se do folheto de divulgação do Congresso Eucarístico realizado pela Igreja Católica no município, na área onde atualmente está a Praça do Congresso, no Centro da cidade. Naquele local, um imenso campo com alguns pontos alagados à época, milhares de pessoas de toda a região se reuniam para as celebrações e, entre os populares, folhetos foram distribuídos anunciando a transmissão das missas pela Rádio El Dorado Catarinense de Criciúma. Era exatamente assim que o nome aparecia grifado nos impressos. O segundo documento que comprova a antiguidade da Eldorado é datado de 19 de maio de 1947, e faz parte dos arquivos da família de Hercílio Amante, um dos sócios-fundadores da emissora. Trata-se de um contrato na Junta Comercial de Criciúma que estabelece a divisão das cotas entre os associados José De Patta, Dante De Patta, Rui Hülse, Addo Caldas Faraco, Hercílio Amante e outros, efetivamente os fundadores da Rádio Eldorado.

Uma torre para transmitir os primeiros sinais da emissora, ainda operando em caráter provisório e restrita ao perímetro central da cidade, foi erguida em uma das extremidades da Praça Nereu Ramos, altura de onde, nos tempos atuais, encontra-se a Estátua do Mineiro. Fotos da segunda metade dos anos 40 comprovam que, dos altos do extinto Café São Paulo, no Edifício Filhinho, de propriedade do comerciante Abílio Paulo, transmitia a Rádio Eldorado, com o som ecoando das cornetas amarradas à velha torre de madeira. Ali se reuniam os populares para ouvir as músicas que preenchiam a programação bem como as notícias, seja aquelas levadas pelas fontes de antigamente, seja aquelas recortadas dos jornais de Porto Alegre e São Paulo para o conhecimento da gente que por ali se aglomerava. A Rádio Eldorado desta época, da corneta e da torre de madeira, era trilha sonora da praça central, onde namoros iniciaram, casamentos se constituíram e muitas histórias engraçadas, outras até dramáticas, se constituíram.

Era de Patta: O Fundador

O grande líder da fundação do serviço de auto-falantes Voz de Cresciúma, a Rádio Eldorado, foi o médico José de Patta. Italiano de Nápoles, trouxe da sua pátria o amor pela música e a paixão pelo rádio. Instalou-se em Orleans para exercer seu ofício e no início dos anos 40 veio residir em Criciúma. Inquieto, queria cantar as canções que tanto gostava, queria ouvi-las no rádio, e buscou unir forças para constituir uma emissora em sua nova terra. Mas foi uma necessidade de saúde pública que criou grande impulso para o surgimento da Eldorado. Era preciso chamar o povo para uma campanha de vacinação e, sob este pretexto, o médico fez erguer a torre, instalar as cornetas e o estúdio para dali transmitir recados à população sobre a importância da vacina. Daí para rodar as músicas foi um salto. Estava fundado o sistema de som conforme lembra Manif Zacharias, um dos primeiros locutores, em depoimento à Eldorado em 13 de maio de 2011.

O espírito empreendedor de José de Patta criou, em 1946, um serviço de alto-falantes que transmitia músicas e anúncios do comércio. Logo granjeou grande simpatia da população e passou a ser chamado de Rádio Eldorado de Criciúma. Ali serviam, nos primórdios, grandes comunicadores como Luiz Napoleão, que já era um renomado locutor tendo trabalhado na Rádio Difusora de Laguna, além do professor Cláudio Schueller, de Porto Alegre, e Ire Guimarães, outra bela voz. O primeiro equipamento foi montado pelo engenheiro Ruy Feuerschuette nos altos do Edifício Filhinho, acima de onde funcionava o Café São Paulo. De Patta era sócio fundador da Eldorado junto com Schueller e o secretário municipal Hercílio Amante.

Atento pesquisador da história de Criciúma, o professor Mário Belolli defende que a Rádio Eldorado pode ser ainda um pouco mais antiga, talvez de 1944, mas a falta de provas concretas faz com que perdure 1946 como o ano de início das operações da emissora. Belolli defende, ainda, que a escolha do nome Eldorado se deveu à prosperidade que já vivia a região, principalmente fruto do progresso da extração de carvão.

Também diretor-fundador da Eldorado, o professor Cláudio Schueller, gaúcho de Porto Alegre, foi o primeiro locutor da emissora. Ele alternava as audições na Eldorado com as aulas de desenho que ministrava no Colégio Lapagesse. Além dele, outros nomes pioneiros nos microfones da emissora foram Luiz Napoleão, Nereu Thomé e Ire Guimarães. Não havia uma programação constituída nos moldes atuais. Nos horários em que operava, a velha rádio rodava músicas e transmitia recados dos ouvintes.

Além dos pioneiros José de Patta, Cláudio Schueller, Manif Zacharias, Luiz Napoleão, Nereu Thomé e Ire Guimarães, ocuparam os microfones da Eldorado nos primeiros tempos nomes importantes da comunicação regional como Jorge Nassar, Luiz Barchinski, Jaci Barbosa Cabral, Sebastião Pieri, Dalcy Rovaris, Aryovaldo Huáscar Machado e Agilmar Machado.

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