CELESC VOLTA ATRÁZ
Depois da pressão que nasceu de forte mobilização do Sul do Estado, semana passada, o Governo do Estado recuou e anunciou ontem a manutenção do status de Núcleo para a unidade de Criciúma, agora em detrimento de Tubarão. Da forma como o processo foi conduzido, entretanto, deixou as coisas piores do que estavam. Os argumentos técnicos mostrados em gráficos na segunda-feira e reafirmados na primeira parte da tumultuada reunião de ontem, ruíram com um provável telefonema do palácio do governo. Afora a decisão, está flagrante que a Celesc se sentiu insultada e o autor do insulto é o prefeito Clésio Salvaro, porque foi ele quem reagiu primeiro chamando a mobilização contra a decisão dos técnicos. Isso ainda vai render alguns curtos-circuitos.
FICOU PIOR
O quadro piorou porque o recuo da Celesc só aconteceu quando os representantes do Sul já haviam deixado a sede da Celesc. Alguma coisa aconteceu quando aquela reunião acabou e uma nova versão foi anunciada. Naquele momento só estava na sala do presidente o deputado Rodrigo Minotto, que mandou chamar os colegas. As demais pessoas já haviam retornado.
CLÉSIO, O ALVO
A nova versão ao projeto dito técnico da Celesc foi anunciado apenas para os deputados, provavelmente como forma de atingir o prefeito de Criciúma, que havia liderado aquele “levante”. Ocorre que a forma como tudo ocorreu se transformou num flagrante desrespeito aos demais representantes do Sul, entre eles prefeitos, vereadores, dirigentes empresariais e presidentes de cooperativas.
PAPELETA
Outro fato que chamou atenção foi que tudo aconteceu tão às pressas que o documento subscrito por quem estava na sala na ocasião do anúncio da nova versão à estrutura da Celesc no Sul resume-se a seis assinaturas, entre elas a da diretora de gestão corporativa da empresa, Claudine Anchite. Nenhuma assinatura identificável e num papel sem timbre da empresa. O documento ganhou o título de “Consenso”.
SEM ARGUMENTO
O pior da reunião, inclusive na opinião de deputados que mais tarde ficaram para fechar acordo com a Celesc, é o argumento usado para justificar a retirada do Núcleo Sul de Criciúma. Foi dito que tudo estava acontecendo porque a gerência paga aluguel, sendo que possui um prédio próprio que não pode ser utilizado por questões burocráticas.
A CAUSA
No centro da discussão técnica que inicialmente rebaixou o status da unidade Celesc de Criciúma estão principalmente dois fatos. O primeiro é o aluguel muito caro, R$ 38 mil para um prédio no centro. O outro é que em 2012 a empresa Cecrisa liquidou uma dívida de R$ 7 milhões com a Celesc, dando um prédio em dação. Mas este prédio não tem escritura de transferência, quer dizer, a empresa tem o prédio, mas não pode negociá-lo para comprar uma sede.
TEM CHEIRO
Afastada a polêmica gerada pela atual gestão da Celesc no caso do escritório de Criciúma existem algumas inquietações que não devem desaparecer. As circunstâncias das questões apontadas pela empresa como sendo cobranças do Ministério Público e Tribunal de Contas bem que poderiam ganhar um acompanhamento parlamentar.
QUEM CHORA MAMA
Técnico por formação e indicação, o Secretário de Fazenda do Estado, Paulo Eli, mostrou sobra de habilidade política na conversa com os deputados ontem. Ele foi convocado para explicar os cortes nos benefícios fiscais, medida adotada já no governo passado e reafirmado por este governo. Em síntese ele confirmou que as isenções foram sendo dadas de forma não isonômica, ferindo princípios constitucionais. Como servidor de carreira da pasta deixou claro que os benefícios eram dados na medida que um setor reclamava dificuldades, por vezes atingindo apenas parte de determinados setores.
FALOU O Secretário Paulo Eli ficou na Assembleia Legislativa por quase três horas. Ele foi convocado por meio de requerimento dos deputados Moacir Sopelsa (MDB) e Valdir Cobalchini (MDB), aprovado na semana passada. Ele respondeu aos questionamentos dos deputados sobre os decretos editados em 28 de dezembro do ano passado e entram em vigor a partir de 1º de abril, alterando o programa de incentivos fiscais.
AI TEM... Entre as muitas declarações surpreendentes está um em que o próprio Secretário e servidor da Secretaria da fazenda disse que não conhece todos os benefícios concedidos. Usou expressões como benefícios de gaveta.
NÃO SAI Os rumores de que o serviço do SAER poderia sair de Criciúma é risco afastado, segundo o vereador Tita Beloli, que teve contatos com o governo a respeito.
SEM EXPLICAÇÃO Até o momento ninguém do governo explicou porque o único nome de Criciúma no Conselho Deliberativo do Porto de Imbituba foi excluído sem nenhuma ecplicação.
O QUE HOUVE? Depois de um longo tempo sem problemas de cheias na rua João Cecchinel voltaram a ocorrer alagamentos. Ontem menos grave do que ocorreu em janeiro. Moradores estão curiosos para entender o que aconteceu no sistema de drenagem antes cantado em prosa e verso pelo governo como “solução”.
NA VENEZA Ontem à noite, na primeira sessão ordinária do ano em Nova Veneza, os vereadores de oposição – PP e MDB – se retiraram sob o argumento de que havia desrespeito ao regimento interno. O ano promete.
FRASE DO DIA
“...isso não é da velha política, nem da nova política. Isso é da pequena política, da política medíocre”.
Clésio Salvaro, quando saiu da Celesc com a informação de que a empresa não iria revisar a decisão técnica.